Se você trabalha com Governança de TI, já deve ter passado por isso: explicar, desenhar, fazer analogias, simplificar ao máximo… e, no fim, perceber que a pessoa ainda não entendeu, ou pior, que ela simplesmente não queria entender.
No começo da minha jornada, eu achava que o problema era a complexidade do tema. Depois, percebi que a maior barreira não era técnica, mas sim CULTURAL.
Ensinar Governança de TI pode ser um verdadeiro teste de paciência, mas também uma excelente oportunidade de aprendizado. Aqui estão algumas lições que aprendi nesse processo:
Governança não é um monstro, mas muita gente acha que é
Muita gente escuta “Governança de TI” e já imagina um mar de burocracia, reuniões intermináveis e um monte de documentos para preencher. E quem trabalha na operação de TI, então? Só de ouvir a palavra “processo”, já começa a pensar em como sair da reunião. A verdade é que Governança de TI não está aqui para atrapalhar, mas para ajudar a TI a funcionar melhor. O problema é que essa mensagem nem sempre chega de forma clara.
Ninguém quer aprender algo que parece inútil
Já tentou ensinar COBIT para alguém que só quer resolver incidentes mais rápido? Ou falar sobre gestão de riscos para quem só quer liberar um acesso no sistema? O erro aqui foi meu: eu estava falando na linguagem da Governança, mas não na linguagem da pessoa.
O segredo é conectar Governança ao que realmente impacta o dia a dia da equipe. Quer falar sobre gestão de mudanças? Mostre como isso pode evitar retrabalho. Precisa reforçar gestão de incidentes? Explique como processos bem definidos reduzem o caos.
Histórias funcionam melhor que frameworks
Citar os princípios do ITIL ou as boas práticas do COBIT pode ser útil, mas nada ensina mais do que um caso real. Quando comecei a contar histórias de falhas e sucessos na Governança, percebi que as pessoas prestavam mais atenção. “Lembra aquele incidente que parou a empresa inteira? Poderia ter sido evitado com uma gestão de problemas bem feita.” De repente, Governança de TI deixa de ser um conceito abstrato e se torna algo real.
Nem todo mundo precisa saber tudo
Essa foi difícil de aceitar. Eu queria que todo mundo entendesse Governança de TI no mesmo nível que eu. Mas a verdade é que nem todo mundo precisa disso. Algumas pessoas só precisam saber o básico para seguir os processos corretamente. Outras, como gestores e tomadores de decisão, precisam de uma visão mais estratégica. O desafio é encontrar o equilíbrio entre o que é essencial e o que pode ficar nos bastidores.
A resistência muitas vezes vem do desconhecimento
Muitos profissionais de TI enxergam a Governança como um obstáculo porque não entendem seu propósito. E, para ser justo, algumas implementações de Governança realmente foram burocráticas e desnecessariamente complicadas. O que aprendi foi que, quando explicamos com clareza e mostramos os benefícios de forma prática, a resistência diminui. Ainda tem gente que torce o nariz? Sim. Mas, aos poucos, eles começam a perceber que uma TI organizada faz toda a diferença.
Ou seja, Governança de TI é sobre pessoas
No fim das contas, ensinar Governança de TI não é só sobre frameworks, metodologias e processos. É sobre comunicação, empatia e adaptação. A maior lição que aprendi foi que Governança só funciona quando faz sentido para as pessoas que precisam aplicá-la. E isso exige mais do que conhecimento técnico. Isso exige a habilidade de traduzir conceitos complexos em benefícios reais.
Se você já passou por isso, sabe como é. E se ainda não passou… bem, prepare-se, porque essa jornada é inevitável. Mas, no final, quando você vê alguém aplicando Governança de forma natural, sabendo que você fez parte desse aprendizado, tudo vale a pena.